terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre o Adeus que não aconteceu

No dia da nossa despedida, desenhei um cenário perfeito. Era um dia de chuva, mas ninguém sofria, não havia motivos para isso. Você me abraçava e me dizia ser a única mulher da sua vida. Alegava ir embora porque a vida tem dessas coisas, pertencer uns aos outros por tempo integral é muita prepotência, e eu te entendia. Entendia porque sabia que nunca fora sua e sempre houve um mundo paralelo onde falávamos línguas diferentes, e se não nos comunicamos não nos pertencemos.



Ouvi dizer que esta com outra, só que ela não tem tanto de você como eu. Carregarei-te para sempre, mesmo assim, tu não consideras isso uma prova de amor sublime. E quando ela se for, ainda restara somente eu. Eu, que tu negas como semelhante, que negas como semente crescida. Ainda hei de sobreviver á tua “convalescencia”, irei olhar-te deitado e me ver num reflexo imperfeito de águas raras e perguntarei sem ouvir respostas “Pai, porque me abandonaste? Porque nesse mundo mundano deixou tua filha á mercê do entendimento da vida, e me obriga a uma despedida dolorosa marcada pelas lembranças do não convívio.



Carrego tua cruz, pelo teu pecado de carne, e me contento em saber que de fato Pai, carrego a eternidade dos laços genéticos sem nenhum vinculo social.

2 comentários:

Mari Frazão disse...

Nossa! Me arrepiei!
muito bom seu blog
parabéns ;*

Brunosh disse...

você perdeu o pai muito cedo? interessante isso...

me procure pelo orkut, tenho uma proposta a lhe fazer... pretendo analisar sua caligrafia...